1.
Um espaço para as mãos. Pequena profundidade
obsessiva.
Um movimento suave e puro, a inteligência da luz cinzelando o peito.
Um movimento suave e puro, a inteligência da luz cinzelando o peito.
Os dedos em substâncias porosas, rasgando a
sombra sobre a pedra. Nada mais penso e atravesso o teu corpo. Vibrando a pedra
quebra
a água no teu rosto. Uma cidade de pó em
quantidades luminosas.
Teu olhar vazio e terrestre. O peso do sangue
enchendo os olhos,
subtil equilíbrio do pensamento. Uma pálpebra
de silêncio em alto relevo. Tuas mãos de uma consciência pelo inabitável.
2.
Fica difícil fragmentar teus gestos numa
pedra.
Preparar o tempo para a fruição do gelo:
secreta felicidade vegetal.
Tuas mãos abrem-se em cada sublevação cerebral.
Um fogo treme entre a força e a inércia.
Abrir o rosto é estender os dedos para esse mundo
Preparar o tempo para a fruição do gelo:
secreta felicidade vegetal.
Tuas mãos abrem-se em cada sublevação cerebral.
Um fogo treme entre a força e a inércia.
Abrir o rosto é estender os dedos para esse mundo
de vastas energias. Por vezes é reunir os
músculos da água
no tecido da matéria. Embutir no corpo
pequenas sílabas de luz.
Dispensar o vazio.
Dispensar o vazio.
3.
É dentro das tuas mãos que sinto uma luz
doméstica
onde vigilante é o vasto silêncio que atravessa
o sonho e as estrelas. E a sua verdade é como a infinita
onde vigilante é o vasto silêncio que atravessa
o sonho e as estrelas. E a sua verdade é como a infinita
força do desejo, presença incessante e
potência branca.
As tuas palavras são o frémito do sangue e das pedras
que nas minhas mãos traçam o perfil do mundo.
Na liberdade pura de nós próprios.
As tuas palavras são o frémito do sangue e das pedras
que nas minhas mãos traçam o perfil do mundo.
Na liberdade pura de nós próprios.
4.
Tuas mãos íntimas como o estrépito do fogo.
Um abismo de música, tua voz vertical e infinita.
Inexorável felicidade de uma presença silenciosa.
Um rosto, uma sombria imensidade do espaço.
Acumuladas são as palavras por minúsculas razões.
No teu corpo está o limite da certeza, as nascentes do olhar.
Conheço os vestígios de um regresso superficial.
Aqui estão os frutos da sensação, os indícios do sangue.
A docilidade da alegria na limpa claridade do rosto.
Um fragmento de água em torno da boca.
Um abismo de música, tua voz vertical e infinita.
Inexorável felicidade de uma presença silenciosa.
Um rosto, uma sombria imensidade do espaço.
Acumuladas são as palavras por minúsculas razões.
No teu corpo está o limite da certeza, as nascentes do olhar.
Conheço os vestígios de um regresso superficial.
Aqui estão os frutos da sensação, os indícios do sangue.
A docilidade da alegria na limpa claridade do rosto.
Um fragmento de água em torno da boca.
5.
Uma ansiedade luminosa desperta em teus
olhos,
cria uma onda luxuriante sobre as próprias mãos.
cria uma onda luxuriante sobre as próprias mãos.
Depressa as palavras revelam na água uma consciência
submersa, uma violência nocturna luz em teus
dedos.
A pedra aguarda o furor potente, a vertigem magnífica
A pedra aguarda o furor potente, a vertigem magnífica
do nascimento. O teu sangue é o fogo da
música
a esperança indizível.
A secreta fruição de uma presença serena.
A secreta fruição de uma presença serena.
6.
Aguardas a fúria dos ferros, as impressões da
luz.
E as mãos regressam ao sangue entre paredes sonoras.
Procuras as palavras no tecido da água,
nos compartimentos do ar sobre a terra fria.
É o teu gesto pensativo que percorre os blocos de sombra,
que projecta no rosto a obscuridade nua,
e com cálidos materiais é celebrada a pura alegria.
Procuras as palavras no tecido da água,
nos compartimentos do ar sobre a terra fria.
É o teu gesto pensativo que percorre os blocos de sombra,
que projecta no rosto a obscuridade nua,
e com cálidos materiais é celebrada a pura alegria.